Apresento o prelúdio de um texto sobre uma assassina em série. Pensei numa personagem feminina para inovar mas não acho que tenha conseguido recriar a mente de uma mulher.
Para ler toda a história acesse aqui.
Sem mais delongas, às pedras:
"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para
não tornar-se também um monstro. Quando se olha
muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”
- Friedrich Nietzsche
Carmem
Fragmentos de uma mente perturbada
Prelúdio
Seu tio Josué morreu, o velór--.
Desliguei o telefone de imediato. Era mentira da minha mãe, o rato permanecia vivo era só pra despistar. Tentei assistir televisão para distrair, caí no sono e dormi.
Primeiro flutuava no espaço vazio, de repente viu à sua frente uma luz, foi ficando cada vez mais luminosa, sentia queimar sua pele. Aproximando-se da luz, viu que chegava numa planície, no meio de uma grande plantação, mas era uma menininha com um vestido vermelho, era uma formiga no meio do campo enorme. Percebeu que estava indefesa e procurou por abrigo, mas antes disso, um rato preto e decrépito de olhos vermelhos brilhantes avançou sobre ela, esperando o pior mas tentando se proteger, virou-se, esperou e nada aconteceu, abriu os olhos e viu que uma grande cobra negra engolia o rato. A cobra virou para a garotinha tremendo no chão, e disse:
-Calma garotinha, eu vou te proteger.
Mal acordou e pensou que talvez pudesse criar uma cobra em seu apartamento, para proteção, perto dali havia uma loja de animais, onde certamente poderia comprar uma. Foi a pé e ainda de pijamas.
Entrei na loja e fui direto ao atendente, um garoto de no máximo 19 anos, pergunto se ele tem uma cobra à venda, dois segundos depois ele começa a sorrir maliciosamente para mim...tudo que eu precisava era de um tarado a cada esquina. Fechei ainda mais minha expressão, ele deve ter percebido e se desculpou, disse que a loja só tinha os animais normais, (normais? E uma cobra é o que? Como ele ousa?) foi a gota d'água.
-Quem você pensa que é?
-Nossa tia, eu já pedi desculpas.
A cara que eu fiz eu não sei, mas ele se assustou.
-Err...calma moça.
-Calma?! CALMA?!
E fui estapeando o garoto insolente e o empurrei. Os pássaros aprisionados na loja zombavam descontroladamente do verme no chão. Um labrador, que entrou na loja junto com uma moça logo depois de mim, acenou a cabeça em sinal de aprovação. Quando saí os filhotes exibidos na vitrine me cumprimentaram. Eu saí tão furiosa da loja, que nem dei ouvidos às provocações dos manequins da confecção, eles nunca gostaram de mim, eu nunca gostei deles.
Não teve preocupação com os olhares reprovadores ao seu pijama. Antes de chegar ao apartamento entrou no estúdio de tatuagem na esquina, ambiente limpo e arrumado, escolheu um desenho e saiu de lá feliz.
..............
Dias, ou meses passaram...