3.3.08

Jerusalem Jones

Este é um conto escrito por mim, com o personagem Jerusalem Jones de Eudes Honorato, do Rapadura Açucarada.

Próximo ao meio-dia, Jerusalem Jones estava a caminho de Bether City resolver algumas diferenças com maus pagadores de dívidas, Jerusalem Jones não gostava bancar o cobrador de dívidas de ninguém, pelo menos, não de graça, mas como era para ele que deviam, abriu uma exceção.

E foi perto da estrada que avistou uma confusão, quatro homens atacavam um quinto caído ao chão, um dos agressores apontava um revólver, e já pronto pra atirar. Jerusalem Jones não era um homem da lei, não tinha consciência, e provavelmente vasculharia o corpo do infeliz depois que os quatro homens fossem embora, mas tinha noção de que o moribundo não tivera nem chance contra os outros, e uma coisa de que não gostava era de um combate injusto. Sacou seu revólver e aproximou-se cautelosamente, mirou e atirou rápido em três deles:

-Pronto, agora você que sobrou pode lutar justo com o cara aí no chão.
O ladrão olhava aterrorizado.

Jerusalem Jones não pretendia salvar o dia, só não gostava de injustiças e tornou o combate justo, a vítima que se resolvesse a partir de agora. Enquanto o homem caído se levantava e o ladrão gaguejava, Jerusalem foi se preparando pra voltar à sua viagem.

Ouviu o ladrão gaguejar ainda uma útima vez:
-Ma-ma-mas, eu nã-ão t-t-tenho.
Bang! O estampido do tiro é seguido pelo baque do corpo no chão.
-Espera! O estranho chama.

Jerusalem se vira, esperando. O estranho tirou a capa que o cobria, revela-se um homem de meia-idade, com um pano enrolado na cabeça, um bigode branco e uma pele queimada de sol, e se apresenta:

-Meu nome é Gusttafá-Al-Kaz, venho do reino da Síria...
-Tá certo, muito bom, muito legal, agora eu vou embora. Jerusalem sem paciência.
-Me ajudaste e como tradição de minha terra natal, devo a ti.
-Deve? Os olhos de Jerusalem brilharam.
-Devo acompanhar-te até que possa retribuir-lhe, senhor...
-Me chamo Jerusalem Jones, mas pra me pagar você podia me dar isso aí. Jerusalem apontou para a arma do árabe, uma bela pistola prateada, toda trabalhada, não tinha noção de que uma arma podia ser tão bela.
-Essa senhor Jones, é uma legítima obra de arte do grande mestre Omar Kaibh!
-Ah sim! Omar Kaibh...nunca ouvi falar.
-Junta de meu akhal-teke, Razim, -apontou para o belo cavalo negro que pastava algum mato seco- são valiozas riquezas, mas nada são aos pés de uma vida.
-Se não tem outro jeito e você vai vir atrás de mim, talvez possa me ajudar numas cobranças...
-Sem dúvida, vamos adiante.

E os dois montaram os cavalos e voltaram para a viagem até Bether city. O árabe puxou conversa:

-Essa cidade para a qual vamos, eu passei por ela, muito ruim, muita ganância em todo lugar.
Jerusalem Jones fingiu não ouvir e perguntou oque fazia por lá aquele estranho e ouviu dele que na verdade viera do reino da Síria, onde seu amo fazia questão de se casar com uma princesa indiana, Hanna, a caprichosa, que exigia que um presente digno dela fosse oferecido pelo seu pretenddente. O amo, muito poderoso e rico, enviou seus mais honestos emissários para os quatro cantos do mundo em busca do maior tesouro que pudessem encontrar.
-E foi assim que eu cheguei na América.
-E porque foi atacado por aqueles quatro?
-Quando cheguei em Boston, ouvi dizer que os índios do oeste tinham poderes mágicos (Jerusalem torceu o nariz) e vindo nessa direção, Bether city foi a primeira cidade que encontrei.
-E aí?
-Então comprei de um índigena um patoá, não foi barato, é feito com o couro de uma cobra chamada cascavel, contém um pó mágico que torna quem o usa invulnerável.
(Jerusalem se segurou para não rir)
O homem mostrou a Jones que usava o colar, logo depois um furo na roupa e somente um vergão no peito.
-Esse buraco foi feito por uma arma daqueles quatro ladrões de que o senhor me salvou, mas a bala não foi párea ao poder do colar.
Frente a isso Jerusalem não sabia se acreditava ou ria de uma vez.
Jerusalem nunca o roubaria, mas pra um joguinho de pôquer amistoso o teria chamado, ah, isso teria feito.

Mais íntimo do sujeito, Jerusalem resolveu saber mais dele:

-Eu nunca passaria por isso, sofrer tanto por um homem que me escraviza.
-Quem te escravizou?
-Não eu, você é o escravo, porque mesmo tão longe da Síria ainda age com lealdade ao seu senhor?
-Mush'lam ben douin!
-Quê? Espantado pela fala do árabe.
-Eu disse que você fala mas não pensa! Eu sou livre, não sou nenhum escravo, só devo lealdade ao meu amo pois ele me protege.
-Tá, mas aqui na América é diferente, eu sou livre mesmo, nada de escravo nem de senhor, nem de amo, isso faz parte da constituição desde o ano de...desde...já faz tempo.
-Constituição?
-Um livro de onde os letrados interpretam as leis.
O árabe ficou calado, pensando nos dois conceitos de liberdade.

Chegando em Bether city, o árabe disparou:

-Senhor Jones, devo-te a vida, mas também devo completar minha missão, entrego-te este colar mágico, pois pode precisar dele em suas cobranças. E assim, pago minha dívida contigo.
-Mas esse não era o presente pra princesa? Jerusalem preferia a ajuda do árabe para cobrar as dívidas, um alvo adicional é sempre melhor do que uma promessa de um indígena charlatão.
-O senhor me deu uma idéia de presente muito superior à invunerabilidade. Salamaleco
-Pra você também.

Depois disso Jerusalem não viu mais o árabe, mas ficou sabendo que a única edição da constituição dos Estados Unidos da América que estava à venda na Guns & Stocks fora vendida, de certo o árabe levou a liberdade americana transmutada no livro da constituição como o maior tesouro americano.

Antes tivesse levado o colar.

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