11.7.08

Só um adendo III


No mesmo dia em que postei o poema (neo)-concretista -?- Fiz esta imagem que eu tenho quase certeza de que seja concretista.


Pra não pensarem que eu estou enrolando. Esta aí uma foto, clique para descobrir o que é:



E para não terem certeza de que estou enrolando, um pequeno texto que talvez vire uma hq.

Ambientação: A megatorre é um grande prédio que abriga cerca de 600 mil habitantes de São Paulo, com amplos andares abertos que chegam mais a parecer quarteirões. A cidade tem no séc 43 cerca de 20 milhões de habitantes, assim não é difícil imaginar que boa parte da população ainda viva no chão, ou bairro baixo como é chamado por alguns moradores mais esnobes da megatorre. Visualmente São Paulo mudou pouco, parece mais moderna com grandes arranha-céus envidraçados, mas também tem uma grande população ainda carente e não servida pela tecnologia milagrosa de robôs e utensílios inteligentes.

A diferença se dá entre a qualidade dos serviços, todos têm comida, mas os mais pobres, comida comum, enquanto que os ricos possuem comida planejada nutricionalmente.

Personagens:

Protagonista: o garoto “Fredo” diminutivo de Godofredo (nome devido à moda de nomes antigos)
Coadjuvantes: os amigos de Fredo, que não precisam de nomes.

Cena um, Dentro:

O garoto está sentado num sofá, assistindo à TV, algo do tipo holográfico, quando a mãe grita da cozinha.

Mãe: Fredo! A geladeira avisou que não tem mais suco de laranja.
Fredo, pensando: Maldita geladeira falante.
Mãe: Por que você não compra um pouco quando voltar da aula de programação? Não se esqueça o número do protocolo.
Fredo: 97123-54, está bem.
Mãe: Vá logo antes que se atrase. Ah! Meu guarda-roupa avisou que está frio. Leve um casaco.

Fredo vai para o seu quarto, notavelmente um ambiente simples se comparado à sala a qual acabara de sair, cheia de aparelhos tecnológicos.

Abre a porta do guarda roupa

Voz robótica do guarda-roupa: Boa tarde querido senhor Godofredo! A temperatura esta tarde é de 17°C recomendo que não saia sem casaco e guarda-chuva.

Um casaco é estendido por um suporte.

Fredo, pensando: Por que eu tenho um guarda-roupa falante?
Fredo: Dane-se!

Fredo sai de casa sem levar nem o casaco nem o guarda-chuva e vai caminhando pela calçada. (embora esteja no interior de um prédio, o objetivo é simular uma vivência quase real da “vida no chão”).

Cena dois, Fora:

Fredo, narrando em off: Pra que controlar dia e noite e até o clima pra simular um frio desses? Não seria então mais fácil usar o clima natural da Terra?

Fredo é interrompido pelo chamado de um amigo.

Amigo: Fredo, você é louco? Seu guarda-roupa não te avisou do frio?
Fredo, desconversando: Deve estar quebrado...
Amigo: Entendo, meu pai me comprou um novo, última geração!
Fredo: Que legal!
Fredo, pensando: Mais um para a sua coleção...
Amigo: Espero que você melhore e possa voltar pra aula.
Fredo: É, eu estive doente.
Amigo: Como? Você bebeu água mineral? Há, há, há, há!
Fredo: Há, há, há, há!
Fredo: Hoje eu não irei, talvez amanhã. Até mais.
Amigo: Até.

Cena três, Afora:

Fredo, narrando em off: O que eu não daria pra beber água mineral ao invés dessas porcarias sintéticas! Na verdade já faz três dias que não vou à aula, dei a pior desculpa possível: estava doente e febril. Como alguém pode ficar doente num ambiente estéril e controlado? Não me interessa.

Enquanto vai narrando, Fredo embarca em um transporte semelhante a um ônibus, desce na parada do anel externo e caminha até a “borda” do andar da torre, onde existem grandes janelas que possibilitam ver a paisagem lá fora. (ver desenho)

Fredo, narrando em off: O anel externo, o lugar menos visitado de toda a torre e também o melhor para se observar a cidade lá embaixo. Vim aqui os últimos três dias.

Fredo pode observar a cidade funcionando, parece pequena de tão alto.

Fredo, narrando em off: Gostaria de viver lá embaixo, ser eu mesmo, sem haver um produto me dizendo o que e como fazer, mas fui criado entre máquinas que fazem tudo por mim. Enfim, não seria nada sem elas.

Pingos de chuvas começam a cair lá fora.

Fredo, com cara de quem acabou de se lembrar: O suco sintético! Bem agora que a chuva começou!

Fredo vai embora correndo comprar o suco de laranja sintético.

A cena se transporta para a cidade no chão. Um cenário de contraste mostra alguns mendigos numa parede pichada e uma mulher com roupas simples em meio a prédios e carros tecnológicos.

A mulher estende a mão tentando perceber a chuva caindo.

Mulher: Seria bom se eu vivesse na megatorre...


FIM

2 comentários:

Crika disse...

Olá, Gustavo! ^^
Concordo com você. E é esse realismo que me encanta nas action figures da McFarlane e nas de algumas outras (poucas) marcas, como a Neca, por exemplo. A McFarlane tem alguns toys de esportes, sim, e muito bem feitos. =] Se você fizer um desses, me avisa, que viro cliente. Huahuahua...
Ótimo fim de semana procê! Ah, vou por seu banner no blog, ok? Abraços.

P.S.: Por que tanto interesse no concretismo? É o movimento que mais lhe atrai? ^^

Miguel Andrade disse...

Gustavo, me lembrou muito Metropoles. Já viu?